terça-feira, 12 de julho de 2011

Ainda te procuro



Você teceu para si uma pele fina,
de tão fina confunde-se com a própria pele.
E quem olha de longe até pensa que te vê, pensa que é você aí exposto.
Mas eu me pergunto onde estão as marcas do teu rosto,
as falhas e os defeitos porque é neles que eu me encaixo,
dessa imperfeita perfeição eu fico farta.
Eu quero as cicatrizes!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Deixei de lado


Deixei de lado as frases não ditas, as cartas não lidas, os segundos roubados
Deixei de lado as confidências trocadas e um batom perdido no porta luvas do carro
Deixei de lado as brigas, as intrigas e os estragos
Deixei de lado os cacos, de um porta retrato quebrado
Deixei de lado o seu olhar frio de menino assustado
Deixei de lado seus quatro sorrisos, mas me custou caro!
Deixei de lado uns trapos, copos sujos e um filme inacabado
Deixei de lado um projeto falho para nos tornarmos aliados
Deixei de lado sua camisa suja do trabalho
Deixei de lado os papos
Deixei de lado os fatos
Deixei de lado,
Eu te deixei de lado.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Eu não pensei que doeria.


Eu não achei que doeria tanto ver você passar pela porta da sala,
eu esperei em silêncio pra ver se você voltava,
mas você não veio.
Eu forjei encontros, eu ajudei o destino, eu cruzei seu caminho, eu cruzei os dedos, fiz promessas, fiz preces, fiz planos...
eu pensei em você mais do que gostaria.
Eu me desesperei, eu esperei paciente,
eu tentei tudo, eu parei de tentar...
Eu quis chorar pra ver se a dor ia embora e acabei dormindo.
Eu fiquei louca, mudei de personalidade, mudei de casa, mudei a cor do cabelo.
Eu não mudei o que eu sentia...
Eu pensei que doeria um pouco ver você de novo e não achei que doeria tanto não te ver todos os dias.




- Nina Volpini -

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Retirada



Respeite o silêncio
a omissão,
a ausência.
É meu movimento de deserção.
Abandonei o posto,
rompi a corda,
desacreditei de tudo.
Cansei de esperar que finalmente um dia,
minha fotografia
fizesse jus ao seu criado-mudo.


Flora Figueiredo

Expectativa

O vento anda ficando mentiroso.
Prometeu trazer você - não trouxe.
Ficou de dizer o porquê, não disse.
Esperou que eu me distraísse,
passou depressa, rumo ao horizonte.
Já não tem importância
que cometa outra vez,
um ato de inconstância.
Aprendi a esperar.
Se ventos são capazes de levar embora,
a qualquer hora,
também,são capazes de fazer voltar


(Flora Figueiredo)